XV Prémios Secil Universidades

Interstícios do Dualismo Urbano em Maputo

Uma reflexão arrojada, que através da leitura arquitetónica, fundamenta a compreensão da estrutura da cidade islâmica e da sua especificidade na África contemporânea.

Aluno

João Pedro Brito Oliveira

Orientadores

João Sousa Morais

Joana Malheiro

Estabelecimento de ensino

Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa

Categoria

Arquitetura

Mais sobre o projeto vencedor

Se por um lado, Maputo serve de suporte a uma massa populacional significativa — que promete crescer para 4 milhões de habitantes até 2025 —, por outro exibe um corpo dual que evidencia uma tensão formal entre tipos de traçado urbano. Neste contexto, as autoridades responsáveis não têm capacidade para responder à demanda necessária no suporte de uma decente qualidade de vida à população - que se vê obrigada a instalar-se debilmente na cidade, de maneira mais dispersa que congestionada.

 

A Mafalala e a Mikandjuíne — bairros classificados pela sua cultura e história — tratam-se das áreas improvisadas mais próximas do centro urbano e surgem como territórios privilegiados para uma intervenção que procura responder a esses dois factos incontornáveis da metrópole de Maputo: rápido crescimento demográfico e morfologia intersticial.

 

Neste sentido, habitar, produzir e orar, são assumidos como verbos para uma abordagem necessariamente utilitária 

e como produtos da intenção de propor espaço público qualificado onde ele não existia antes. 

 

Se num primeiro gesto, a busca por esse espaço se exerce na abertura de eixos de ligação com o traçado envolvente, o fissuramento da massa residencial, proporcionando uma machamba para a sustentabilidade económica, assume-se como segundo gesto na situação estratégica de equipamentos metropolitanos, aos quais se inclui o centro islâmico proposto, dominando e estruturando a paisagem improvisada, quando se pontuam "monumentalmente" pelo território.

 

O espaço é então edificado através de um muro que parte da necessidade de fracionar o território, mas que, servindo-se da sua característica linear, expande-se tanto para o interior da tipologia habitacional como para fora dela. Desta forma, o muro assume uma escala paisagística quando desenha todo o programa proposto, e afirma-se como elemento que estabelece a continuidade morfológica pretendida.